terça-feira, 11 de maio de 2010

Papai não sabe de tudo

Parei atrás da árvore em posição de ataque com os olhos bem abertos esperando... Não sei por quanto tempo, mas não senti a diferença a não ser pelas reclamações constantes das minhas pernas. Eu sabia que estava sob efeito do lugar. O campo se estendia no horizonte levando o verde consigo e as árvores cheias de folhas faziam contrastes com as flores que desabrochavam, o céu não fazia por menos era tão... Azul e as nuvens aqui e ali formavam desenhos engraçados que, naturalmente, faziam meu cérebro pensar em coisas estranhas e desenhos desfocados de animais em um mundo imaginário. Os animais seriam legais e sociáveis, claro, iria existir todo tipo de coisa especial e divertida. As doenças iam ser lendas e chocolates não daria dor na barriga assim os legumes iam só parecer legumes, mas por dentro estariam recheados dessas gostosuras. Não existiriam carros não vejo a necessidade de trocar o vento suave no rosto e a sensação leve dos passos no chão com aquele sonzinho baixo de terra sendo pisada por um automóvel fechado e aromatizado com um ar artificial. Não precisaríamos de horário pra voltar pra casa onde essas não teriam portas nem grades, todos sempre seriam bem vindos a qualquer lugar. Um lugar onde sorrisos eram distribuídos e nada era cobrado, tudo era dado de bom grado. A gentileza e união valeriam mais que o dinheiro e a posição social, aliás, isso nem existiria! Todos seriam importantes componentes do mundo e, por conseguinte deveríamos cuidar do que era NOSSO. Não meu e nem seu. Desviando o olhar das nuvens percebi um movimento a sudeste, papai me acharia logo. Esse era um dos poucos lugares onde ainda podíamos brincar sem ele se preocupar, porém essa seria nossa ultima vez aqui, como nos lugares anteriores as árvores seriam levadas e na área iria abrir uma grande fabrica que produziria remédios e roubaria o ar dos nosso pulmões. Papai disse que encontraríamos um outro lugar, mas seria muito difícil e eu sabia disso, o passarinho recém nascido piou acima, pensei se sua mamãe sabia que não iriam ter casa por muito tempo. A ninhada estava cheia e os animais ali eram tão inofensivos que chegava a frustrar não poder nada fazer porque papai disse que não se mexe com gente grande demais e quando eu lhe perguntei quem protegeria os pequenos animais ele não soube responder. Papai nem sempre tinha resposta pra tudo. Prendi a respiração pois ele estava perto,olhei ao redor e analisei minhas possibilidade mesmo sabendo que ele iria me achar. Ele sempre achava e o fez me rodando no ar seguindo as cócegas. Brincamos pelo resto do dia e ao entrar no carro me perguntei se algum dia alguém me tiraria da minha casa também. Perguntei e papai baixou a cabeça sem responder...